Língua
escrita, sociedade e cultura: relações, dimensões e perspectivas.
Referência
bibliográfica
Soares, Magda. Alfabetização
e letramento / Magda Soares. 6. Ed., 6 ª reimpressão. – São Paulo: Contexto,
2014.
Síntese
Este texto foi apresentado na XVII Reunião Anual da
Associação Nacional de Pesquisa e Pós – Graduação em Educação – ANPD, em
outubro de 1995; e foi publicado em seguida na revista dessa associação –
Revista Brasileira de Educação.
O Texto opta pelo termo alfabetismo, preferido de
letramento. Por ser caracterizar basicamente como um texto de revisão do
conhecimento sobre as relações entre língua escrita, sociedade e cultura.
Artigo
O artigo língua escrita, sociedade e cultura: relações,
dimensões e perspectivas estão divididos em 04 capítulos: O tema e seus
limites; O conceito de Alfabetismo; Alfabetismo: dimensões e relações e
Alfabetismo: perspectivas de análise.
Na leitura do artigo à autora Magda Soares nos mostra
que o analfabetismo no Brasil é tema da atualidade. Podemos entender a
diferença entre alfabetização e alfabetismo, e a importância de usa-los no
nosso cotidiano.
Alfabetização e o ato de alfabetizar que ocorre quando
a criança aprende o alfabeto e a sua utilização como código de comunicação, esse
processo vem arrastando ao longo dos anos problemas de aprendizagem, com muitas
reprovações. Nesse processo o aluno deve ter capacidade de interpretar, compreender,
criticar e produzir conhecimento.
Alfabetismo é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e
escrever dentro da realidade do aluno, a leitura e a escrita tem que fazer
parte da sua vida.
O sentido ampliado da alfabetização, o Alfabetismo, de
acordo com Magda Soares, designa de práticas de leitura e escrita. A entrada da
pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa
tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o
aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e
escrita.
O Alfabetismo abrange tanto a apropriação das técnicas
para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da
leitura e da escrita. Magda diz ser preciso usar jornal, revista, livro.
A alfabetização e o Alfabetismo são instrumentos
fundamentais para a aprendizagem de todos os sujeitos, tanto crianças como
adultos. De acordo com a autora Magda Soares, alfabetização e alfabetismo são
entendidos como: “estado” ou a “condição” que assume aquele que aprende a ler e
a escrever.
A obra da autora Magda Soares nos faz refletir sobre o
fracasso do processo de alfabetização que vem acontecendo no Brasil, à
responsabilidade do educador diante da escola e da sociedade. Vemos a
importância de praticarmos a escrita e a leitura em nossas vidas, recomendo
esse artigo a todos os estudantes de Pedagogia.
O tema e seus limites
Analisando a sociedade e cultura, busca-se e volta-se
para o sentido histórico e antropológico que é analisado as características de
oralidade antes da língua escrita. As mudanças sociais, cognitivas e
comunicativas resultam à introdução á língua escrita em sociedade de oralidade
primária, as praticas que podem ser estudados.
Os autores como Lord (1960), Havelock(1963,1986,1988),Ong(1982,1986),relatam
sobre a oralidade primaria e seu processo de transformação na introdução da
escrita. Já Goodoy, (1977) a “grande dicotomia” examina concepções de culturas
“primitivas “de “avançadas”, “selvagens” de domesticadas”, “tradicionais” de
modernas”.
Busca-se compreender o valor da língua escrita nas
sociedades modernas e letradas. O significado e conceito de alfabetismo para
analisar as relações e dimensões com a sociedade e a cultura as quais pode ser
estudado.
O conceito de alfabetismo
Podemos encontrar nesse mesmo livro, uma explicação da
autora, que nos esclarece que a palavra alfabetismo não criou raízes na
literatura da área e foi progressivamente, sendo substituída pelo letramento.
Conforme a nota da autora: “Após a publicação deste
texto, em 1995, foi-se progressivamente relevando, na bibliografia, preferência
pela palavra letramento [...] em relação à palavra alfabetismo (Soares, 2011, p.29,
grifos da autora)”.
Assim, o termo letramento vem gradativamente
substituindo o termo alfabetismo, no entanto, ainda podemos encontrar o termo
alfabetismo na literatura especializada.
Em relação à etimologia do termo, podemos fazer
referência à Soares (2009), que expressa o senso comum do meio, quando afirma
que a palavra letramento é uma tradução do termo inglês literacy, que, por sua
vez, tem origem do latim littera ,que se refere à letra.
A palavra literacy poderia ser decomposta da seguinte forma:
littera(letra)+ cy (condição ou estado de). Soares interpreta esta definição da
seguinte forma : “literacy” é a condição de ser letrado” – dando á palavra
“letrado” sentido diferente daquele que vem tendo em português” (2009, p. 35
grifo da autora).
Qual seria, então, o sentido da palavra letrado a que
Soares se refere na citação anterior? O sentido comumente dado à palavra
letrado no Brasil está ligado à idéia de pessoa erudita, pessoa versada em
letras e o seu antônimo, iletrado, seria a pessoa que não é erudita, não possui
conhecimento literário.
Porém, ao nos referirmos ao termo letramento, não
estamos invocando os significados anteriormente apresentados dos termos letrado
e iletrado.
Estamos, sim, nos referindo ao mesmo termo, porém, ao
significado atribuído a ele na língua inglesa: literate, que se refere à pessoa
educada e que especificamente tem habilidade de ler e escrever.
Alfabetismo: dimensões e relações
Soares evidencia o caráter individual e social do
processo de letramento.
Na dimensão individual, o letramento é visto como um
atributo pessoal, referindo-se às habilidades individuais de leitura e escrita,
no entanto, a reflexão proposta é sobre a dificuldade de definir com precisão
até que ponto que um indivíduo pode ser considerado letrado, uma vez que as
habilidades e os conhecimentos de leitura e de escrita estendem-se em um
cuntinuum, indicando diferentes tipos e níveis de habilidades e conhecimentos
que podem ser utilizados para ler e escrever diferentes tipos de material
escrito.
Já na dimensão social do letramento, a autora
classifica o processo como fenômeno cultural, como um conjunto de atividades
sociais que envolvem a língua escrita.
Entretanto há pontos de vistas conflitantes que podem
ser resumidos em duas tendências: uma tendência liberal, em que assume que o
letramento tem o poder de promover o progresso social e individual, com consequências
somente positivas sendo o uso das habilidades e conhecimentos de leitura e
escrita necessários para funcionar adequadamente na sociedade, tal como ela é;
uma tendência revolucionaria em que o conjunto de pratica conclui que o que
realmente deve ser buscado é uma ideologia e uma política para alfabetização e
o letramento da criança brasileira.
Alfabetismo: perspectivas de analise
Pode-se enumerar o alfabetismo como várias perspectivas,
sendo elas:
-histórica; que investiga os processos de acumulação,
difusão, circulação, distribuição, enfim, faz um levantamento de dados das
diferentes condições sociais e escolarização da aprendizagem da escrita;
-antropológica; o processo de escrita em cultura de
forma oral, em que a oralidade primaria em grupos sociais passa pela fase oral
para a escrita;
-sociológica; a leitura é uma pratica social, leva a
entender que tipo de classe social leem, pode ser classificadas na hierarquia
dos bens culturais;
-psicológica e psicolinguística; diferencia e
investiga as diferenças entre analfabetos e alfabetizados, fatores que
determinam ou influenciam o processo de
neuropsicologicamente alfabetização;
-sociolinguística; pesquisa e relaciona a língua em
seu contexto social a aprendizagem e dificuldade e relações com a variedade
linguística;
-linguística; que confronta o sistema fonológico e o
ortográfico entre suas diferenças oral e escrita para o funcionamento do
alfabetismo na linguagem de indivíduos ou grupos sociais;
-discursiva; confronta o discurso oral do escrito,
busca a diferença de produção e na maneira de ler e escrever, investiga o
formato, diagramação do texto, ilustrações títulos e subtítulos, notas,
epígrafes dedicatórias, prefácios, publicidade e estratégias de
comercialização) na produção de sentido;
-textual; investiga as diferenças em textos oral e
escrito sua coesão, coerência, pesquisa a gramatica e identifica sua influência
entre si;
-literária; analisa textos a oralidade clássica e medieval,
reconstrói e dá fronteiras e analisa a passagem de textos orais para escritos e
investiga o acesso para obras literárias por diferentes grupos sociais;
-educacional ou pedagógica; investiga os processos e
condições a didáticas, a promoção do alfabetismo para adultos e crianças no
mundo da escrita seu sucesso e fracasso na aprendizagem;
-política; analisa, determina e estabelece condições
de promoção do alfabetismo, as metas e objetivos do alfabetismo, que analisa
programas, campanhas de difusão, distribuição e circulação da alfabetização e escrita.
Esta lista é incompleta e pode-se dizer que o estudo
do alfabetismo é multidisciplinar e que todas as ciências contribuem para esse
fenômeno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário