domingo, 3 de maio de 2015

O agogô, o reco-reco e até o corpo da criançada ajudam a introduzir os ritmos

O passo seguinte foi conhecer os instrumentos ao vivo. Guadalupe distribuiu à turma um afoxé, dois agogôs, um caxixi, um xequeré e um atabaque. Relembrou a origem de cada um e em que ritmos poderiam ser utilizados. Como não havia objetos para todos, explicou que também podiam fazer sons com o corpo. Assim, cada grupo sorteou um instrumento, escolheu uma música conhecida e a reproduziu em conjunto.

Para o educador e músico Ricardo Breim, coordenador pedagógico do Espaço Musical, uma alternativa a essa atividade é propor movimentos corporais e mímicas que reproduzem os gestos que se faz para tocar os instrumentos, sempre em sintonia com elementos da linguagem musical que os alunos possam perceber, como a melodia e o ritmo. Rosa Iavelberg, docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), acrescenta outra possibilidade: propor que os alunos usem a imaginação e criem um ritmo, também utilizando elementos como ritmo, melodia e timbre. "Isso faz com que eles se sintam produtores de música", explica. Ela também sugere que, em vez de utilizar músicas conhecidas pelos alunos, o professor apresente uma canção brasileira que tenha influências africanas, o que reforça a intenção de valorizar as origens culturais do nosso país.

Na aula seguinte, Guadalupe apresentou novamente o CD Gonguê e dessa vez pediu que as crianças notassem os instrumentos que haviam tocado. Elas demonstraram reconhecer os diferentes sons, bem como identificar o timbre mais grave (atabaque) e o mais agudo (caxixi). "Expliquei que chamamos isso de altura do som", conta. Então, ela perguntou se o canto dos pássaros e o mugido da vaca eram agudos ou graves. A turma disse que o canto era agudo e o mugido, grave, imitando os sons.

Para finalizar, os estudantes apresentaram a música escolhida para outra turma no auditório da escola. "Os convidados perguntaram como eles tinham aprendido a tocar e quais eram os nomes dos instrumentos", lembra a docente. Com isso, trocaram informações e expuseram seus novos conhecimentos. Também disseram para a professora que poderiam contar o que aprenderam para a família e explicar que a música africana não é utilizada apenas em rituais como imaginavam inicialmente.
1 Visão e audição Discuta com os alunos textos sobre a origem da música afro-brasileira. Apresente imagens dos instrumentos. Depois, toque um CD que tenha os sons africanos e peça que a turma identifique o atabaque, por exemplo.

2 Qual é a música? Distribua alguns instrumentos para a turma manusear e questione sobre os ritmos em que podem ser utilizados.

3 É hora de experimentar Proponha a criação de um ritmo com os instrumentos afro-brasileiros. Se não tiver objetos disponíveis para todos, algumas crianças podem acompanhar fazendo sons com o próprio corpo.
Reportagem publicada na revista escola Com apuração de Larissa Teixeira (novaescola@fvc.org.br). Editado por Ana Ligia Scachetti
http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/explore-batuques-afro-brasileiros-todos-tipos-percussao-757093.shtml?page=0, acesso em 28 abril 2015.

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